O Canal Comunicacional tem por objetivo interagir com os leitores, mas também explicar alguns modelos da comunicação organizacional. Nada melhor, então, do que começar explicando o Modelo de Interação Comunicacional Dialógica, construído a partir da década de 70, baseado na idéia de dialogicidade no processo comunicacional surgido com o pensamento do autor latino-americano Pasquali (1973).
Vamos levar em consideração a concepção de que toda organização tem a necessidade de se relacionar de forma intencional e estruturada com a sociedade, transmitindo algum tipo de informação e se reconhecendo como parte de um processo de interlocução com os atores sociais como agentes comunicativos. Bom, a idéia constituída por Pasquali era que existe uma simetria entre emissor (organização) e receptor (atores sociais). Mas que tipo de simetria seria essa?
Passemos então para Grunig e seu Modelo Simétrico de Mão Dupla. Grunig mostra que neste modelo o emissor transmite uma mensagem que é compreendida pelo receptor, voltando através de uma nova mensagem ao emissor como um feedback daquilo que foi falado.
Compreendido este Modelo criado por Grunig, passamos a compreender um pouco mais a essência da Comunicação Dialógica.
Entendendo a organização como um dos interlocutores entre os atores sociais, o modelo volta-se especialmente para a autonomia do receptor, introduzindo o componente do espaço comum. (OLIVEIRA, IVONE e DE PAULA, MARIA APARECIDA, 2008, p.26-27)
Com a criação do espaço comum é aberto um espaço para compartilhamento de informações e interesses, indo além da, até então usado, paradigma informacional que acreditava em papéis fixos de emissão e recepção sem necessariamente haver uma troca de informação e idéias. Isso acaba por criar um objetivo comum, baseado no processo de troca.
[...] Para tornar comum um pensamento comum, os envolvidos inevitavelmente têm de estar em relação. Estar em relação implica a emergência de uma superfície comum de troca, ou uma zona de encontro de percepções dos emissores e receptores. (DUARTE, 2003, p.46)
As individualidades da organização e dos atores sociais continuam, mesmo permitindo esse mútuo entendimento. E, como podemos observar na figura que ilustra o post, a capacidade de argumentação e de negociação de cada grupo interfere na ampliação ou restrição do espaço comum. Mas, atentem-se! O fato de haver um entendimento comum não quer dizer que, necessariamente, haja uma total concordância com os enunciados envolvidos na troca.
Resumindo: O Modelo de Interação Comunicacional Dialógica valoriza a comunicação baseada na argumentação e na partilha de informações, interesses e no debate de aspectos e decisões que afetam os atores e a organização envolvidos.
Por: Louise Rosa Archanjo
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